domingo, 24 de maio de 2009

Um macaco no Ultramar

O meu avô materno esteve na Guerra do Ultramar, em 1973 e 1974. Logo nos primeiros dias de estadia, ao treinar o tiro no mato, direccionou a G 3, sem querer, para um macaco que estava junto de uma árvore. O macaco começou a chorar, traumatizado com o cenário da guerra.
Ao ver tal coisa, o meu avô foi até ele e, com alguma persistência e cuidado, tornou-se seu amigo e acabou por levá-lo para o quartel.
Dado o sofrimento da guerra e o estado traumatizado do macaco, este sentiu-se de alguma forma salvo pelo meu avô e por consequência gerou-se, entre eles, uma grande empatia. No início, o macaco ficou assustado, achando o quartel um lugar assustador, no meio de tantas armas e tantos soldados, mas não demorou a sentir-se à vontade, dado que, ali, não lhe faziam mal. Passado alguns meses no quartel, o macaco começou a realizar várias tarefas com o meu avô, como, por exemplo, comer.
Chegado o 25 de Abril, o meu avô regressou a Portugal. Conta o seu irmão, que ficou lá mais uns meses, que o macaco deixou de se alimentar, acabando por morrer.


O meu avô com o macaco

Andreia Pereira